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A importância do ensino presencial onde a teoria requer prática

Por Prof. Dr Marcelo Mendonça, Arquiteto e Urbanista

Desde o início de 2020 até meados de 2022 a realidade e a rotina das pessoas por todo o planeta foi afetada pelas restrições sanitárias impostas pelo processo pandêmico. Em inúmeros casos os efeitos dessa situação foram extremamente negativos, porém, em várias ocasiões foi possível vivenciar experiências que, geralmente, não seriam realizadas em situações não adversas.

No caso do ensino superior, embora as barreiras também fossem amplificadas por várias questões técnico-sociais, o modelo do ensino à distância respondeu até certo ponto.
Especificamente, tratando do ensino superior na formação de arquitetos e urbanistas, gostaríamos de abordar a questão do ensino não presencial das disciplinas de projeto, onde encontramos uma massa crítica representativa e refratária a esta ideia.

Foram diversos modelos de metodologias, com a utilização de diversas plataformas digitais de interação, com diversas ferramentas de hardware e software testadas para que o binômio ensino-aprendizado levasse ao aluno as melhores condições disponíveis para estabelecer o diálogo com o docente e que este tivesse a oportunidade de transmitir ao aluno todo o conhecimento necessário para aquele momento de sua formação.

No caso das disciplinas de projeto, em aulas síncronas, a instrumentação digital disponível foi capaz de cumprir a difícil tarefa de substituir a lousa, o papel e a lapiseira para que a transmissão visual de elementos gráficos fosse possível tanto no sentido do docente para com o aluno, como da transmissão das ideias do aluno para o docente, ou seja, as telas digitais representaram um meio eficaz de visualização da representação de sinais gráficos projetuais no processo de aprendizado.

É inevitável que este processo de ensino nos remeta à relação do “mestre e aprendiz”, tão difundida pelas corporações de ofício da antiguidade, onde o aluno vivenciava a rotina do seu mestre, executando tarefas menores, porém observando o dia a dia do profissional e por meio destas observações adquirir o conhecimento e o repertório técnico até se tornar independente para o exercício da profissão.

A análise deste contexto proporcionou à coordenação do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário das Américas – FAM a oportunidade de criar o Projeto de Longo Prazo (PLP).
Este projeto inovador, trata da simulação desta relação mestre-aprendiz em projetos que tem a duração de quatro semestres, desenvolvidos em período extraclasse por alunos do terceiro ao sexto período.

O projeto teve seu início em fevereiro de 2022 e já produziu os primeiros resultados com a elaboração dos estudos de viabilidade econômica e estimativas de valores de produto, proporcionado aos alunos a visão estratégica necessária para atuarem como profissionais independentes e, principalmente, levarem de volta o arquiteto às mesas de decisão, por estarem preparados com o olhar da arquitetura para além da criatividade ou da técnica, mas como entendimento da arquitetura como business conforme o DNA da formação desta área na instituição.

Concluindo, o mundo digital mostrou-se eficiente até certo ponto, mas a presença e a transmissão de conhecimentos presencialmente também se mostram indispensáveis. Portanto, o percurso talvez nos leve a um caminho em que essas duas modalidades possam coexistir, atendendo às necessidades dos alunos de maneira complementar em áreas específicas que teoria requer prática.

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