Negócios e Política

Empreendedores maranhenses contam como foi começar um negócio no primeiro ano da pandemia

Empreendedores maranhenses contam como foi começar um negócio no primeiro ano da pandemia

Apesar da crise sanitária, em 2020 o Maranhão registrou um aumento de 16,1% na abertura de empresas em relação a 2019, a 5ª maior taxa do país

Em 2020, a crise sanitária desencadeada pela Covid-19 ceifou vidas e causou grandes impactos à economia, principalmente no setor de turismo. Apesar do cenário de recessão, muitos empreendedores decidiram que era a hora de começar um novo negócio. Naquele ano, foram abertas mais de três milhões de empresas no Brasil, um aumento de 6% em relação a 2019, segundo dados do Governo Federal. E o Maranhão também apresentou crescimento, registrando um aumento de 16,1% na abertura de empresas em comparação com o ano anterior, a 5ª maior taxa do país.

“Tínhamos o sonho de criar um lugar de conexão com a natureza no povoado Atins, e, mesmo com todas as dificuldades para construir em um local tão isolado quanto esse, decidimos não adiar o projeto. Por isso, o hotel abriu as portas em setembro de 2020, seguindo todas as recomendações das autoridades competentes”, relembra Jethro Raposo, sócio do Vila Aty Eco Lodge, hotel com proposta sustentável e ecológica na região dos Lençóis Maranhenses.

Hotel Vila Aty, em Atins, foi construído durante o início da pandemia e abriu as portas em setembro de 2020 (Foto: Brian Baldrati)

Durante a construção, além dos obstáculos já esperados para realizar uma obra em meio à natureza e em local mais afastado de grandes centros urbanos — considerando logística e custos para transporte de materiais e para moradia e alimentação da mão de obra local —, a pandemia tornou tudo mais complexo, pois havia a preocupação em garantir a saúde dos profissionais que trabalhavam na construção. “Precisaria manter o distanciamento”, explica Saulo Prazeres, sócio-administrador do Vila Aty.

Segundo o empresário, os processos de expedição de licenças, de realização de treinamentos e de concessão de crédito também foram afetados pela crise sanitária. “Os órgãos que liberavam as licenças para construção e que poderiam apoiar algum tipo de capacitação, e até de financiamento também, estavam todos paralisados. Então isso exigiu que nós buscássemos outro tipo de recurso, outro tipo de financiamento para execução de um projeto”, ressalta Saulo.

Quando o hotel começou a funcionar, ele conta que novos desafios surgiram. “Nosso principal desafio foi sensibilizar a nossa equipe, os nossos profissionais, os nossos parceiros que trabalhavam com passeios, restaurantes, que seria necessário manter distanciamento físico, uso de máscara, uso do álcool em gel, não poder ter lotação máxima no hotel nem nos carros e veículos para passeios”, reflete.

Naquele ano, apesar do aumento no número geral de empresas no estado, houve uma ligeira redução no total de estabelecimentos ligados ao turismo no Maranhão, quando comparado a 2019. Os segmentos que sofreram maior queda percentual foram o de agências e operadoras, com variação anual de -7,84%, e o de hospedagem, com -7,13%, de acordo com pesquisa do Observatório do Turismo do Maranhão. Mesmo sendo um negócio em estágio inicial, o Vila Aty foi um dos meios de hospedagem que conseguiu se estabelecer.

“Na época, falava-se em turismo de isolamento. E que lugar melhor para isso do que Atins, que é, por si só, um lugar mais isolado e com menor circulação de pessoas? Além disso, por sermos um hotel boutique, com poucos quartos e com uma cartela de serviços que possibilita ao hóspede sair do hotel apenas se ele quiser, ficaria mais fácil praticar o distanciamento social. Acho que tudo isso colaborou”, avalia Jethro.

Mas isso não implica dizer que as coisas foram fáceis para eles, é o que afirma Saulo. “O movimento era menor, não tínhamos um grande fluxo de hóspedes. Consequentemente, a gente operou com foco na capacitação da equipe, ou seja, o foco não era lucro, era fazer a capacitação da equipe para que estivéssemos preparados quando essa pandemia passasse. Operávamos para poder pagar os custos e capacitar o time”, revela.

O sonho de Saulo e Jethro deu tão certo que, em menos de três anos, o hotel que começou a funcionar no primeiro ano da crise sanitária já está em processo de expansão. “Temos tido boa demanda e, por isso, decidimos dobrar o número de quartos do hotel. A previsão é que a ampliação seja inaugurada já em junho deste ano”, comemora Jethro.

Jethro Raposo conta que o hotel está em expansão e deve dobrar a capacidade em junho deste ano (Foto: Arquivo pessoal)
Jethro Raposo conta que o hotel está em expansão e deve dobrar a capacidade em junho deste ano (Foto: Arquivo pessoal)

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